Com autocarro híbrido Volvo
Teste da Carris registou redução de 25% no consumo

A Carris efetuou um teste de 2.800 quilómetros com um autocarro híbrido da Volvo em duas carreiras – 44 (Moscavide / Cais Sodré) e 756 (Junqueira / Olaias) – durante um mês e registou uma diminuição no consumo de combustível de aproximadamente 25 por cento em relação a um autocarro “standard” diesel convencional.
Este foi o primeiro teste realizado em Portugal com um autocarro híbrido em condições reais de exploração, embora sem passageiros, por decisão da empresa, uma vez que o veículo não estava equipado com sistema de bilhética nem ar condicionado. A Carris refere que foi este último fator foi decisivo para não se penalizar o conforto dos passageiros nesta altura do ano. O Volvo 7700 Hybrid, de 12 metros, três portas e piso totalmente rebaixado, está configurado para as condições típicas do Norte da Europa, onde não é necessário ar condicionado.
«O desempenho do autocarro híbrido revelou-se adequado às exigências do serviço regular. Os motoristas revelaram grande satisfação pela utilização do veículo», afirmou Jorge Nabais, diretor de Inovação e Desenvolvimento da Carris.
«A tecnologia já está suficientemente madura para se iniciar a comercialização», acrescentou, admitindo a possibilidade da empresa poder vir a adquirir veículos deste tipo no futuro, salientando que o plano de investimento em renovação de frota está atualmente «suspenso».
O diretor de Inovação e Desenvolvimento da Carris refere que neste momento o «custo de investimento» em autocarros híbridos ainda é «muito elevado», enquanto os custos de manutenção são «incertos» especialmente no que se refere às baterias.
O Volvo 7700 Hybrid recebeu uma solução “híbrida” em paralelo que permite operar o veículo em modo só elétrico, só diesel ou em simultâneo. Tipicamente, o autocarro arranca em modo elétrico até atingir 20 km/h, altura em que entra em funcionamento o motor diesel. Nas velocidades mais elevadas “trabalha” apenas a diesel, sendo carregadas, nessa altura, as baterias de iões de lítio, que estão localizadas no teto. A energia libertada nas travagens também é aproveitada para carregar as baterias.
A cadeia cinemática do autocarro é constituída por um motor diesel de quatro cilindros, de cinco litros (Volvo D5), com 216 cv de potência, um motor elétrico I-SAM (Integrated Starter Motor Alternator), que também funciona como gerador, carregando as baterias sempre que o motorista pressiona o pedal de travão e por uma caixa de velocidades automatizada Volvo I-Shift. O módulo de controlo eletrónico – PMU (Powertrain Management Unit) – faz a gestão da utilização da propulsão térmica e elétrica, em função das necessidades, bem como das mudanças de velocidades e da recarga das baterias. O autocarro dispõe ainda de um sistema “Start – Stop”, que desliga automaticamente o motor numa paragem ou num semáforo, voltando-o a ligar quando o motorista pressiona o pedal do acelerador.
Em termos de investimento inicial, o Volvo 7700 Hybrid representa, atualmente, um acréscimo de 50 por cento relativamente a um autocarro diesel convencional, mas, segundo Diogo Castro Matos, diretor da unidade de negócios de Autocarros da Auto Sueco, oferece uma «melhoria da eficiência energética que pode atingir os 35 por cento, uma redução do nível de emissões de gases de escape, também até 35 por cento (sendo reduzidas a zero em modo elétrico), um menor nível de ruído e não requer de investimento em infra-estrutura de abastecimento».
«O investimento inicial é superior mas pode ser recuperado ao longo da vida útil do veículo», acrescentou Diogo Castro Matos. «Para um total de 60.000 quilómetros por ano e um consumo de nove mil litros de gasóleo, ao custo atual do diesel, é possível recuperar o investimento ao fim de 12 anos», salientando que esse período de amortização pode vir a diminuir à medida que a produção em série for aumentando e o preço diminuindo. O autocarro híbrido da Volvo já está disponível na versão de 12 metros, devendo a variante articulada de 18 metros entrar em produção em 2012. Para já não está prevista apenas a comercialização em chassis para carroçamento, mas unicamente como autocarro completo devido à elevada complexidade da tecnologia híbrida.