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Lutas Operárias no Barreiro em Reflexão > A política paternalista fomentou o silêncio dos trabalhadores da CUF (20.04.2010)

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Lutas Operárias no Barreiro em Reflexão
A política paternalista fomentou o silêncio dos trabalhadores da CUF


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Lutas Operárias no Barreiro em Reflexão A política paternalista fomentou o silêncio dos trabalhadores da CUF . Comemorações do Centenário da Revolução Republicana

Em pleno ambiente operário das oficinas da EMEF (Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário) teve lugar a Conferência sobre as Lutas Operárias no Barreiro durante a I República.

Segundo um estudo realizado sobre as greves ocorridas na CUF durante a I República “tornou-se evidente a progressiva independência da classe operária face ao poder político e à ideologia dominante, assim como a influência crescente do ideal e do modo de acção pugnando pelos sindicalistas revolucionários, adoptando como táctica a acção directa contra o patronato” - referiu na Conferência Vanessa de Almeida.

Na sua opinião, a política paternalista fomentou o silêncio dos trabalhadores da CUF. A técnica questiona se a política paternalista de Alfredo da Silva e a sua obra social, poderá ter contribuído para o esquecimento das lutas operárias da CUF durante a I República.

Em pleno ambiente operário das oficinas da EMEF (Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário) teve lugar a Conferência sobre as Lutas Operárias no Barreiro durante a I República, no passado dia 17 de Abril, no âmbito das comemorações do Centenário da Revolução Republicada. A iniciativa promovida pela Câmara Municipal do Barreiro (CMB) foi presidida por António Camarão, técnico superior da CMB e contou com a intervenção dos oradores Vanessa de Almeida, técnica superior da CMB, Joana Dias Pereira, bolseira FCT/Universidade Nova de Lisboa e Silvestre Lacerda, Director - Geral da Direcção - Geral de Arquivos.

Vanessa de Almeida iniciou a sua intervenção recordando o dia 1 de Dezembro de 1928, dois anos após o golpe militar iniciado em Braga pelo general Gomes da Costa e Mendes Cabeçadas, o qual instituiu uma ditadura militar no País e pôs fim à I República, quando um grupo de jornalistas chega ao Barreiro para “dar a conhecer o progresso da vila operária e divulgar um conjunto de aspirações cuja concretização pelo poder central era há muito ansiada”. A técnica citou o jornalista Jaime de Carvalho, do jornal “A Voz”, onde este desmistificou a imagem do povo barreirense: No deflagrar das lutas sociais, que agitaram e enlutaram o País, não houve aventureiro da política que não fosse às incautas massas operárias do Barreiro caçar elementos para servir os seus equívocos desígnios. Daqui o adensar-se a lenda, pendurada como reclames berrantes, apontando este povo como indomável e avesso ao bom senso. Mentira. Esta gente é, afinal, como toda a boa gente deste nosso querido Portugal.
Os vários surtos grevistas do operariado barreirense alimentaram esta lenda. Segundo a técnica, no período entre 1909-1926, os ferroviários foram a classe que mais greves protagonizou, seguida pelas classes corticeira, dos descarregadores de terra e maré e dos operários da CUF – Companhia União Fabril.

Segundo um estudo realizado sobre as greves ocorridas na CUF durante a I República “tornou-se evidente a progressiva independência da classe operária face ao poder político e à ideologia dominante, assim como a influência crescente do ideal e do modo de acção pugnando pelos sindicalistas revolucionários, adoptando como táctica a acção directa contra o patronato”.
Na opinião de Vanessa de Almeida, a política paternalista fomentou o silêncio dos trabalhadores da CUF. Mencionou a greve da CUF prolongando-se de Maio a Julho de 1919, motivando a declaração de greve geral por parte das restantes classes de trabalhadores e do Barreiro e culminando em Lisboa a 16 de Junho, no Parque Eduardo VII, com um comício no qual foi votada a greve geral na capital por 48 horas. “Alfredo da Silva confrontado com a declaração de greve recorre aos mecanismos repressivos, pratica o lock-out e procede a despedimentos massivos”.
A técnica questiona se a política paternalista de Alfredo da Silva e a sua obra social, poderá ter contribuído para o esquecimento das lutas operárias da CUF durante a I República. Aponta a gratidão dos operários, para além da experiência traumática do despedimento colectivo, ou a migração que o desemprego obrigou. Contrapôs com as greves dos ferroviários que não foram esquecidas, graças ao jornal “Sul e Sueste” e referiu que em contrapartida nenhum dos activistas da CUF ficou para a história.
Para o estudo do movimento operário nos anos da I República, da Ditadura, ou do Estado Novo, Vanessa de Almeida concluiu que “não podemos ignorar o papel do operariado barreirense enquanto actor social, envolvido na resistência, com capacidade interventiva e que pela sua actuação conseguiu, mesmo nas condições mais improváveis, afirmar o seu contra-poder, não apenas nos anos da I República mas também nas décadas futuras”.

Por sua vez, Joana Dias Pereira classificou o Barreiro como um excelente caso de estudo no início do século XX, no que respeita ao surgimento de classes e enumerou algumas, tais como a Associação Humanitária do Barreiro, a classe de socorros do Sul e Sueste, as duas corporações de bombeiros, as sociedades filarmónicas “Os Penicheiros” e “Os Franceses” e explicou os seus objectivos.
Salientou o papel solidário que as colectividades tinham junto da classe operária, “uma das características do movimento operário da I República Portuguesa”, disse.
Recordou a véspera do dia 5 de Outubro, no Barreiro, quando se desencadearam surtos grevistas dos corticeiros, ferroviários descarregadores de terra e mar e dos operários da CUF.

Por último, Silvestre Lacerda, Director - Geral da Direcção - Geral de Arquivos, fez o enquadramento geral da implementação da República em Portugal. “Uma revolução que rompeu com 800 anos de Monarquia e Portugal foi um dos países pioneiros na aplicação deste novo regime político. Uma revolução com repercussões do ponto de vista social”.
Mostrou diversas fotografias da revolução, onde estava bem patente uma forte participação popular: a rotunda da Avenida barricada; o Palácio das Necessidades atacado e a fuga da família real.
Mostrou, ainda, entre muitas fotos, Imagens de salas de aula, no período pós - revolução, onde se podem ver a bandeira nacional, o jornal ”A Liberdade” e no quadro se lê “Viva a República, Viva o Livre Pensamento”.

No decorrer do debate realizado em seguida, foram abordados os movimentos da Carbonária e Maçonaria que levaram ao sucesso do movimento revolucionário.

20.4.2010 - 17:36

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